sábado, 5 de junho de 2010

As Teias de Chabrol

















Erro imperdoável nunca ter assistido a um filme de Claude Chabrol, um dos pilares do cinema francês. Confesso o erro, aproveito para deixá-lo no passado, pois assisti há pouco A Teia de Chocolate, que encontrei num sebo ontem à tarde. Benditos sebos que nos trazem estas pérolas perdidas ou há muito tempo não disponíveis para compra. Feita a grata digressão, devo ressaltar minha empolgação por conta de A Teia de Chocolate e, por conseguinte, pela mise-en-scène de Chabrol. Ao tomar contato com um cineasta pela primeira vez, o ideal seria acompanhar sua evolução, em termos práticos, seguir sua carreira em ordem cronológica, sendo esta a maneira mais límpida pela qual conseguiríamos enxergar o artista em formação e a transmutação de seus olhares, seus pontos de vista. Nem sempre se faz possível respeitar a linha do tempo de um artista, mas me contento em poder, seja em que ordem for, colocar suas obras em perspectiva.

Finda mais esta digressão, A Teia de Chocolate me instigou, claro, pelo suspense criado, pela forma como Chabrol vai engendrando seus personagens, abrindo buracos e os preenchendo lá adiante para criar um clima envolvente e que verdadeiramente nos deixa suspensos. Mas creio que o que mais me chamou a atenção foi o rigor de Chabrol na busca de uma integração ideal entre este clima, os personagens, sejam eles misteriosos ou não, a constância de sua narrativa e a trilha sonora que, segundo o próprio diretor nos extras do DVD, é o que dá ritmo a este filme, muito mais do que qualquer outro elemento. Chabrol é frequentemente comparado a Hitchcock, obviamente por conta da predileção pelo suspense, gênero que o inglês dominou como ninguém, e que, a julgar pela primeira impressão que Chabrol me deixou com este A Teia de Chocolate - onde ainda temos a magnífica interpretação de Isabelle Huppert, também parece campo ideal para a encenação e para os personagens “chabrolianos”. Por ser infindável meio de descobertas e redescobertas, o cinema é tão magicamente indispensável.

2 comentários:

  1. Olá, Celo!!
    Belo textículo. Fica na lista de "Próximos diretores a serem desbravados". Sempre gratificante encontrarmos um diretor que nos empolgue, nos instigue o intelecto.

    Abraçossss

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  2. Na lista, ainda mais sendo Chabrol, grande ídolo francês!

    Abraços!

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