terça-feira, 12 de outubro de 2010

Festival do Rio 2010: 01 filme, 01 parágrafo #02

POESIA
Se apenas título e origem (Coreia do Sul) já bastam para despertar interesse, Poesia levou também o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes e apresenta a maravilhosa Jeong-hee Yoon, atriz com desempenho desconcertante. No filme de Chang-dong Lee, Yun interpreta Mija, senhora de espírito jovem que em meio a graves problemas busca inspiração para escrever poesia. Narrado de maneira leve e com recursos que o distanciam do melodrama e de soluções fáceis, Poesia excede um pouco em seu tempo de duração, porém consegue desenvolver uma história essencialmente trágica em meio a um universo colorido e alegre – como as roupas de sua protagonista.


UM QUARTO EM ROMA
Um dos filmes mais esperados no Festival do Rio foi este Um Quarto em Roma, de Julio Medem, que veio a ser exibido apenas no penúltimo dia de programação. Seja pela sinopse ou pela atriz principal (a linda e talentosa Elena Anaya), assim como pela admirada filmografia do diretor, as expectativas para com o filme eram grandes – fato que com certeza prejudicou a experiência de muitos espectadores. Um Quarto em Roma é aquele filme que você inicia uma análise justificando a bela fotografia para não dizer instantaneamente que ele é péssimo. Com uma direção excessiva e diálogos tão sofríveis quanto clichês, Medem ainda tem a pretensão de guiar todo um filme com duas personagens rasas e desinteressantes. De destaque, apenas a linda música Loving Strangers (que cansa depois de ser executada pela quinta vez) e, novamente, pela fotografia estupenda – que em alguns momentos emula pinturas impressionistas de forma deslumbrante. No mais fica difícil levar a sério quaisquer outros elementos do filme, uma vez que seu humor involuntário levou um cinema lotado a várias gargalhadas e palmas – de deboche.


REGERAÇÃO
Regeração é um documentário que com pouco mais de 5 minutos já identifica seu conteúdo como um tema sério e de extrema relevância para a sociedade do século presente. Com entrevistados interessantíssimos e narração feita por Ryan Gosling, Regeração procura nos jovens de hoje os motivos pelos quais estes vivem com comodismo em um universo de consumo, adoração à banalidades e de relações virtuais. Por vezes chamada “geração do eu” ou multitarefa, a falta de comprometimento ou de verdadeiras ambições dessa geração apresentada no filme realmente assusta quando damos conta que tais verdades já são praticamente universais. Phillip Montgomery dirige o filme levantando uma bandeira para que alguma mudança aconteça, intenção defendida pelo intelectual Noam Chomsky, que serve como entrevistado, assim como pelo ator e rapper Mos Def. Um filme que deveria ser obrigatório em qualquer sala de aula.


RUBBER
Depois de mais de 40 filmes vistos imaginei que Rubber seria minha válvula de escape do Festival, servindo para despretensiosos 90 minutos de diversão e de cinema do absurdo que, muitas vezes, funciona melhor do que muitos filmes que se levam a sério. Para se divertir com o pneu assassino de Rubber, no entanto, é necessário ir além do conceito de suspensão da crença e rir de animais e cabeças explodindo – necessidades que me parecem improváveis mas que funcionaram para um público que não parava de gargalhar. Abraçado em um discurso de que alguns filmes não precisam de razões para justificar suas motivações, Rubber ao menos precisaria de uma razão para ser engraçado ou inteligente, coisa que seu desenvolvimento preguiçoso e nada criativo não lhe proporciona.


Um comentário:

  1. Opa Kon,

    Boa, mesmo de volta à Caxias City. sempre que puder continue postando suas impressões acerca dos filmes vistos por lá.

    Por partes:

    1) Quero muito ver "Poetry" e estou pagando para ver (no caso, baixando)"Um Quarto em Roma", por gostar muito do Medem.

    2) Queria ver "Rubber" para entender como se sustentam 90 minutos de um pneu que mata por telecinese. É cada um, viu...

    abraços e bom retorno

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