domingo, 3 de outubro de 2010

Festival do Rio 2010: Somewhere


Contra tudo e contra todos, parece, vou dando aqui minhas impressões muito pessoais, é claro, do mais novo filme de Sofia Coppola. Não me agrada um filme que pretende ser "non sense" em alguma medida e que, à partir de cenas que aparentemente não querem dizer nada, tenha um significado especial. Takes longuíssimos! Mas para mim foi mais incômodo parecer que eu estava praticamente revendo Encontros e Desencontros, pelo excesso de semelhanças pequenas, mas em grande quantidade, como: as locações (sempre quartos de hotéis onde tudo acontece), a condição solitária do protagonista (ator de hollywood que vive a cada dia entre festas e passeios na sua Ferrari , tem a vida mexida quando precisa se deparar com a responsabilidade de cuidar da filha por alguns dias).

Sinceramente, não consigo acreditar muito em filmes que não passem emoção e que, diferente do anterior que vi, causam impacto pelo formato muito mais que pelo conteúdo, que nesse caso é bem fraco. Soa como se fosse modismo e uma forma bem peculiar, moderna de conquistar o espectador, essa de apresentar takes bem longos, onde os personagens olham para o teto e de repente uma música que aumenta, aumenta...até que....que...nada acontece e fica aquela coisa de: vai ser, não foi, quase foi...

Sem contar com as falas, que também devem fazer parte desse estilo, onde o barato é dar asas à nossa imaginação, uma vez que elas quase não existem. Sendo assim as atuações não precisam ser excepcionais, aliás, não precisam ser um ponto alto no filme e não são! Já que o contexto blasé, "despretensioso" aparentemente sustentam essa atmosfera "comum" mas bacana, aliás (nesse contexto) o bacana é ser comum!!

Pra mim quanto menos declarado (o estilo) pior, pois menos autoral o filme se torna. E Somewhere talvez pelo excesso de impessoalidade que a diretora injeta no filme se torne apagado, sem identidade própria, fica meio escorregadio no tocante roteiro e desenvolvimento do mesmo. A primeira cena, tão falada pela mídia, além de eu não ter gostado realmente, já dava pistas do que seria o resto do filme. Se estivéssemos falando aqui de um escritor, eu diria que sua obra, roda, roda e não sai do lugar ou que ele dá milhões de voltas para falar de um ponto ou ainda que toda sua linguagem rebuscada não dá em nada, para alguns, para outros surte efeito e agrada muito justamente por esse modelo muito mais contemplativo do que visceral.

3 comentários:

  1. Olá Carol,

    São cada vez mais difundidos alguns signos que, a priori, definiriam um filme como sendo de arte. O grande problema, é que muitos diretores não têm a capacidade e o talento necessários para transformar estes signos em bom cinema, o que acaba deixando em nós, à vezes, este gosto amargo de pedantismo e pretensão não alcançada.

    Confesso que quando assisti a "Encontros e Desencontros", não me marcou muito, mas é claro, que era outra época, e tenho certeza de que precisaria revê-lo para uma opinião mais atual. Nutro curiosidade por "Somewhere", mas não mais do que uma boa curiosidade.

    beijos

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  2. Exatamente: pedantismo e pretensão, assim que senti.
    Também enxergo essas características em "Encontros e desencontros", no entanto neste as coisas mal ou bem acontecem, se desenvolvem, além do filme ter me agradado mais pelas atuações e pela química entre Bill Murray e Scarlett Johansson.

    beijos
    Carol

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  3. Olá, Carol!
    Gostei da analogia com a literatura. Pois é no caso de Sofia vemos o seguinte: nem todo filho de peixe peixinho é.

    Beijosss

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