quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Festival do Rio 2010: Você vai conhecer o homem dos seus sonhos

Escrever sobre Woody Allen nunca é tarefa das mais fáceis. Para assistir e analisar um filme do diretor, de quem me confesso fã, deve-se deixar de lado quaisquer expectativas e parcialidades, visto que sua carreira é composta por trabalhos irregulares – alguns excelentes, alguns nem ao menos bons. Você vai conhecer o homem dos seus sonhos é um desses filmes que nem para bom serve. 

Na trama ficamos íntimos de uma série de personagens dignos do cinema cômico e crítico de Woody Allen. Todas suas histórias são desenvolvidas em paralelo e ao menos uma ligação existe entre eles. Temos aqui um casal em crise, a mãe paranóica dela, o pai que não consegue aceitar a terceira idade, um chefe que lhe desperta o interesse e uma série de outras personas – todas com a mesma importância e relevância para o desenvolvimento do filme.

Allen já é reverenciado pela força com que continua dirigindo, sempre lançando um filme por ano. Sua obra é composta por exemplares das melhores e mais inteligentes comédias do cinema norte-americano, mas que, como todo diretor, possui algumas manchas em sua carreira. No caso de Woody, temos uma retomada para a boa forma que se faz notar há alguns anos, quando ele lançou Match point e uma série de outros trabalhos elogiáveis, onde entra seu filme anterior, Tudo pode dar certo

A expectativa de encontrar um bom Woody Allen (me valendo do nome do diretor para aplicar como subgênero) era grande, fato que não deve ser censurado já que seu cinema andava em uma boa fase com raras exceções. Seu novo filme, no entanto, infelizmente apresenta um roteiro preguiçoso, com poucas passagens dignas do cinema do diretor, assim como uma série de outras inconsistências – que vão desde as atuações até a maneira com que o filme se desenvolve.

Evito maiores detalhamentos do filme para não tornar a experiência do futuro expectador comprometida, já que este (o filme) se guia pelo ordinário e qualquer pequena revelação pode causar isso. Se for necessário comparar com algum de seus outros filmes, o misticismo e as relações pretensiosamente cômicas entre os personagens me lembraram Scoop – O grande furo, enquanto a narrativa episódica dividida entre tantas pessoas excêntricas me remete a Celebridades – dois de seus filmes mais erráticos.

Tente não se deixar induzir por aquele letreiro em branco sobre fundo preto, aquelas caminhadas urbanas com personagens aparentemente grandiosos, ou pela narração em off descrevendo e acrescentando o que se vê na tela. Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, infelizmente, não é dos melhores lançamentos e sequer serve como um bom Woody Allen. 

3 comentários:

  1. Conrado,

    Bacana seus comentários e acho mesmo sem ter visto o filme(infelizmente) que posso imaginar parte do que você está falando e da sensação que teve quando assistiu esse novo do W. Allen.
    Eu sou muito fã dele mas reconheço que sua obra é irregular e acrescento que o fato dele lançar 1 filme por ano pode acabar mesmo corroborando para cada vez se tornar mais irregular.
    Vou assistir assim que puder!

    bjs
    Carol

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  2. Opa Kon,

    Woody Allen é um gênio inconstante mesmo. Quando todos pensam que está acabado, lá vem o baixinho mais neurótico de Manhattan e nos presenteia com um filme como "Tudo Pode Dar Certo", seu penúltimo, e um dos melhores dele em anos. Confesso que os trailers deste mais recente não me inspiraram tanto, por mais que ainda conserve curiosidade em vê-lo, afinal foi dirigido por Allen, um dos moradores do panteão que construí para meus ídolos do cinema. Pena que sua profílica carreira seja marcada por alguns filmes menores, outros ruins e outros simplesmente dispensáveis. Porém, o crédito que o homem tem é tão grande, que me pergunto: o que é uma cagada de vez em quando para quem já fez tanta coisa brilhante?

    Belo texto Kon.
    abraços

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  3. Olá, Kon!
    É, o Allen é um dos meus prediletos, mas também devido à sua produção em ritmo frenético, algumas vezes temos surpresas nem tão gratas assim.

    Abraçosss

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