O CONSELHEIRO DO CRIME é um filme
forte, passado naquela fronteira complicada entre México e EUA, esta ainda mais
brutal quando filtrada pela estilização do escritor Cormac McCarthy, aqui
responsável por argumento e roteiro. O crime é contemplado no seu viés mais
profissional, isso visto brilhantemente, por exemplo, na minúcia com a qual é
planejada certa decapitação envolvendo cabo de aço e motocicleta em alta
velocidade. O elenco é de primeira, com destaque para Michael Fassbender, cada
vez mais confortável na posição de protagonista. Por outro lado, O CONSELHEIRO
DO CRIME é confuso, sua estrutura parece amarrada de maneira preguiçosa, o que
torna os fragmentos superiores ao todo. Ainda assim, algo para ver.
O início de JOVEM E BELA lembra
muito os filmes de Eric Rohmer, sobretudo PAULINE NA PRAIA. No decorrer, outras
referências aparecem, sendo A BELA DA TARDE uma das mais evidentes. Mas, para
além dessa aproximação com a obra alheia, o diretor François Ozon faz um filme
de brios próprios, calcado na figura da menina que, descoberta prostituta,
deflagra um cenário repleto de relacionamentos cuja complexidade é convidativa
à luz da psicanálise. Do clima incestuoso à dinâmica intricada mãe/filha, vários
elementos e situações nos fazem imergir na singularidade, algo que, por si,
nega maniqueísmo e estereótipos. Isabelle não transa por necessidade
financeira, e sim para fortalecer sua identidade ainda em formação, algo que o
dinheiro não costuma comprar.
CAPITÃO PHILLIPS é um filme de
ação vertiginosa, dado a algumas sutilezas em meio à tensão criada, sobretudo,
pela eficiente câmera na mão de Paul Greengrass. O drama humano decorrente da
ação dos piratas e do sequestro do capitão é central, mas convém ficarmos
atentos às entrelinhas, onde temos um pouco da visão americana acerca dos
países subdesenvolvidos, o pragmatismo e a eficiência do dominador, isso tudo com
uma fina ironia disfarçada de heroísmo. Para a marinha estadunidense, resgatar
Phillips é mais que missão humanitária, é questão de honra, prova de eficácia e
soberania. Nesse mundo de regras controladas por poucos em detrimento da
miséria de muitos, a vida vale tanto quanto representa num nível político
internacional. No fim das contas, vítimas são americanos e somalis, não os
sistemas que regem estes ou aqueles. E Tom Hanks realmente merece todos os
elogios.
JOGOS VORAZES – EM CHAMAS
sequencia muito bem a franquia derivada dos livros de Suzanne Collins. Foca na insurgência dos oprimidos que veem
Katniss Everdeen como símbolo de esperança. O começo é barra-pesada, as
aparências cultivadas na turnê dos vencedores em choque com a violência da
realidade, a fome, a completa desilusão de um povo que apanha e morre se
manifestar crença na revolução. Os poderosos querem minar o estandarte vindo do
12º distrito, mas precisam ser inteligentes, pois não querem uma mártir inflamando
ainda mais as massas. Outros jogos de vida e morte, em quem confiar, quem matar
primeiro para garantir a sobrevivência dos seus? O gancho para o terceiro
antevê predominância dos conflitos sociais. Ah, se todos os blockbusters fossem iguais a você.
Este vem lá dos tempos em que
Robert Zemeckis fazia seus bons filmes, respaldado pelo próprio cinema
americano, então ainda afeito a graus de risco. Pois, A MORTE LHE CAI BEM é uma
ótima comédia de humor negro, espécie de primo-irmão de OS FANTASMAS SE
DIVERTEM, ou seja, algo rarefeito nos dias de hoje. Na trama, duas mulheres
brigam por um homem apenas por vaidade, competição interna, para saber quem
pode mais. Lá pelas tantas, elas morrem, mas continuam vivas, num paradoxo
explicado pela poção da eterna juventude tomada por ambas. O homem-troféu é um
cirurgião plástico que “conserta” cadáveres, ou seja, nada mais apropriado às
mortas-vivas. Filme-pipoca, no que o
termo tem de mais positivo, onde os atores parecem se divertir tanto quanto nós
espectadores do lado de cá.
Celito!
ResponderExcluirMuito bom. Adoro essa seção do blog.
Grande abraço.
Também adoro o Doses!! E esse tá caprichado ;) Só filme bom e todos muito diferentes um do outro!!!
ResponderExcluirbjs
Muito obrigado, Carol e Rafa, é bom demais contar com a leitura de vocês.
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