domingo, 3 de novembro de 2013

Yippee-ki-yay, motherfucker


Jogue a primeira pedra quem nunca se divertiu com as peripécias de John McClane. A franquia protagonizada por Bruce Willis nasceu no final dos anos 1980, mais precisamente em 1988 com DURO DE MATAR, cujo mote é o ataque delinquente ao prédio comercial Nakatomi, frustrado a duras penas por um policial no lugar errado e na hora errada (ou seria lugar e hora certos?). McClane não é o Super-Homem, consegue extirpar a bandidagem, sim, mas aos trancos e barrancos, e está aí um dos grandes méritos desse filme inicial: mostrar herói crível que sangra e sofre para atingir seu objetivo e não sobre-humano de todo inatingível. 

DURO DE MATAR 2 veio logo depois e utiliza quase à risca os expedientes de seu antecessor, seguindo-o sem muitos desvios: ataque terrorista, local fechado (aeroporto), exploração da relação McClane/esposa, reviravolta expositiva da real intenção criminosa, etc. O plano a ser combatido diz respeito à libertação de um importante ditador, o que atinge toda malha aérea num raio de quilômetros. Aviões à deriva sem muito combustível e a iminência da tragédia asseguram tensão permanente nesse ótimo programa-pipoca. 

DURO DE MATAR – A VINGANÇA, terceira parte da série, mesmo também reservando para si o direito de investir em certas seguranças, possibilita a entrada mais efetiva de um co-protagonista (Samuel L Jackson) e abre a ação para as ruas de Nova Iorque. O confronto da vez se dá contra grupo usuário da fama de McClane, e do jogo macabro de adivinhas com ele, para enganar a polícia mobilizada no desarme bombas plantadas no perímetro urbano, isso enquanto ocorre rombo nos cofres (cheios de ouro) da metrópole. Outro ótimo filme. 

DURO DE MATAR 4.0 é mais complexo, pois no mínimo ciente do mundo em que vivemos. McClane precisa salvar um hacker ameaçado de morte por bando igualmente usuário de meios cibernético terroristas. Talvez este seja o filme recente que mais nos alertou para a dependência da máquina (e do espaço intangível da web), claro, guardadas as devidas ressalvas por estarmos frente a produto genuinamente hollywoodiano. Felizmente meandros e observações pertinentes não passaram despercebidos pela equipe criativa, “livre”, então, até mesmo para excessos típicos de John McClane (helicópteros e caças abatidos quase artesanalmente, por exemplo). 

DURO DE MATAR – UM BOM DIA PARA MORRER, lançado este ano, funda-se na relação pai/filho, num acerto de contas familiar que ocorre em meio a celeumas político-econômicas envolvendo Rússia e a usina de Chernobyl. McClane sai dos EUA para resgatar o filho tido como encrenqueiro, na verdade agente secreto da CIA. Entre tiros e perseguições, o detetive se aproxima de Jack, assim como tornou mais chegada sua relação com a filha Lucy na aventura anterior. A trama é até interessante, residindo o maior problema na maneira desleixada com a qual é guiada. Mesmo assim, é exemplar digno da linhagem McClane, ou seja, divertido e repleto de boas sequências. 

Sem muitos sinais efetivos de esgotamento, a franquia DURO DE MATAR provavelmente renderá mais, afinal, é difícil acabar com McClane, seja na diegese ou na memória afetiva dos fãs. Yippee-ki-yay, motherfucker. 


Publicado originalmente no Papo de Cinema

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