domingo, 28 de setembro de 2008

Drummond e as Gatinhas

Olá, pessoal!

Tenho a necessidade de compartilhar com vocês uma experiência, no mínimo, curiosa. No último dia 25, minha aula na UCS terminaria às 16 horas ou meados dessa. Pois bem, tecnicamente acabou antes. Às 15 horas. O problema: o ingresso para uma peça do Caxias em Cena, às 20 horas. O que fazer? Devo confessar que a vontade de retornar para casa existia, porém a vontade de “matar tempo” na biblioteca também. Na procura de material: “Crime e Castigo”. Encontrei a mesma edição que estou lendo e, desbravei o capítulo próximo, após alguns poucos minutos nas prateleiras o localizando. Terminada a leitura, sobrava tempo, menos de uma hora, mas não dispensável tempo. A poesia nunca foi alvo de minha atenção, contudo queria ler algo curto e pus em minha cabeça um autor: Mário Quintana. Só eu e, a entidade superior que nos controla e governa, segundo a Bíblia, sabe o quanto vasculhei. Descobri que me falta talento e paciência com os códigos de chamada do material.

Desisti. Encontrei outro, um usurpador de minha atenção. Carlos Drummond de Andrade. O título não recordo. Recordo a impressão que causou o primeiro poema lido. Erotismo. O segundo. Erotismo. O terceiro. Erotismo. Senti-me um adolescente pervertido. Folheando mais a frente o livro, descobri ser uma publicação de textos de cunho erótico, não recorrente na obra de Drummond, conhecido por sua timidez. Lembro do título, de um pedaço dele, para lidarmos com a exatidão, de um dos poemas: “Mulher Gulosa”. De “Gulosa” a certeza. Estabelecia uma analogia entre o picolé ou sorvete e o sexo oral.

Segue abaixo um poema de Drummond (excelente) que localizei na internet, o qual li lá na biblioteca. Sorte minha a capa prezar pela discrição:


Sugar e ser sugado pelo amor

Sugar e ser sugado pelo amor

no mesmo instante boca milvalente

o corpo dois em um o gozo pleno

que não pertence a mim nem te pertence

um gozo de fusão difusa transfusão

o lamber o chupar e ser chupado

no mesmo espasmo

é tudo boca boca boca boca

sessenta e nove vezes boquilíngua.

3 comentários:

  1. Quando tu me contou, achei esta história ótima. Bom que tenhas colocado ela no blog por meio de um ótimo texto. Então você foi buscar poesia, de Carlos Drummon de Andrade, autor que tu nunca tinha lido, e acabou encontrando poesia erótica dele? Estas boas surpresas fazem da arte fascinante.
    Esta aí um bom segmento: achar obras de cineatas, escritores, que fogem que é dito como "caracteristica de sua obra", tipo um Lado B, sabe?

    Abraços

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  2. Olá Rafa!

    Belo texto, sem dúvida, mesmo que fuja (na minha concepção) da idéia inicial do blog. Enfim, fica a dica para procurar pelas poesias eróticas do Drummond de Andrade. hehehe

    Abraços!!!

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  3. Na minha opinião o post tem tudo a ver com a nova idéia do blog, que não é ser somente um espaço para críticas, mas aberto também e pincipalmente a reflexões sobre arte (tão importantes ou mais do que uma crítica). O caráter válido e importante do post se dá ainda mais por meio do texto que informa, camuflado num tom pessoal.

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