A solidão elevada à máxima
potência. Assim como li em uma crítica, acredito que Nothing's All Bad (Smukke mennesker) guarde pequenas semelhanças
com Felicidade, de Todd Solondz, mas
no dinamarquês não há complementariedade viável nos dramas vividos pelos
personagens, diferente do visto em Felicidade.
Em Nothing's All Bad (Smukke mennesker)
o autor não nos deixa saída para felicidade, para uma solução. Sem esperança
alguma, o filme vai tomando seu rumo. Tudo está acabado desde o princípio.
A solidão é avassaladora e sem
limites. Em um ambiente hostil e frio, em todos os sentidos, a degradação
humana vai tomando conta das cenas, da vida dos personagens e ainda quando nos
últimos minutos surge uma luz, bem de longe, como se dali pudesse haver
transformação, o que fica para nós é uma sutil acomodação da dor, do
sofrimento, daquilo que restou e agora pode ser processado, como uma espécie de
redução de dano.
Grandes atuações que sobrevivem
às cenas e ao roteiro, estes não tão bons quanto.
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Provavelmente, o cinema
escandinavo é aquele em que mais aflora o desconforto brutal do ser humano,
seja frente a seus fantasmas ou mesmo à angústia de viver em comunidade. Nothing's All Bad (Smukke mennesker) é
uma realização de 2010, e não foge dessa vocação de buscar nas extremidades, na
sordidez, a chave para a deterioração geral.
Em Nothing's All Bad (Smukke mennesker) o sexo é imprescindível, pois
via pela qual desaguam tanto o desejo, quanto a falência dos personagens. As
pessoas transam para aplacar a solidão, para esquecer um problema, para aceitar
seu corpo, para ganhar a vida, mas dificilmente por amor ou puro prazer. Nesse
mundo onde a volúpia se aproxima da morte, sexo e afeto são quase insociáveis. Por
sua vez, as relações de sangue parecem apenas servir como expositoras de
hereditariedade, mas não no que diz respeito a algo do código genético, e sim
ao seu equivalente emocional.
Se o filme força algumas
coincidências, elas são justificadas em parte pelo impacto do final, dado numa
sequência meio ridícula, desajeitada no princípio, mas, logo percebida como
fechamento agridoce e, em certa medida, esperançoso, para pessoas cujos
caminhos pareciam irremediavelmente longe de qualquer felicidade.
Por Ana Carolina Grether e Marcelo Müller
Vou deixar para assistir pós réveillon ... Temo abraçar esta ideia do acabado. Solidão só se for quentinha...
ResponderExcluirOlá, Bianca
ResponderExcluirÉ, melhor deixar uma "pancada" como essa para 2014, pós-réveillon e tudo mais..
Beijos
Pelo jeito, melhor mesmo é assisti-lo num desses dias em que estamos bem estruturados, sobretudo emocionalmente. Grande abraço aos dois.
ResponderExcluirCom certeza, Rafa.
ResponderExcluirÉ um desses filmes onde a desilusão se impõe, portanto não recomendado para dias previamente tristes...hehehe
Abraços
O filme é de fato perturbador, e o texto de vocês muito bem escrito. No mesmo clima deste filme há o estoniano "Sugisball" de 2007 (http://www.imdb.com/title/tt0834170/). Preciso concluir "Felicidade"; quando comecei a assistir estava num daqueles dias pouco indicados, e se não me engano: algo no diálogo da abertura me deixou desconfortável. Como se todos esses filmes pudessem denunciar nossa própria fragilidade, e isso assusta.
ResponderExcluirSolidão só se for quentinha!! rs adorei Bianca!!!! :)
ResponderExcluirFico no aguardo de suas impressoes. beijos