domingo, 27 de julho de 2014

CINEMA A DOIS | JIM JARMUSCH – Down by Law (1986)
















De tanto minimalismo, o conteúdo de Down by Law se esvai. Segundo reza a lenda, porém, este filme dirigido e roteirizado por Jim Jarmusch é um marco do cinema independente americano dos anos 1980. À margem da sociedade, três caras são presos por motivos diferentes e se encontram numa cela de Nova Orleans. Os personagens são interessantes, possuem traços peculiares, mas quando dialogam o que fica evidente é o tédio existencial que Jarmusch faz questão de reforçar em seus filmes.

O cafetão do bem e o DJ incompetente se deparam com o italiano vivido por Roberto Benigni e passam a ver luz no fim do túnel. No entanto, quando imaginamos que a narrativa pode se tornar um pouco mais dinâmica, o que ocorre é apenas o acréscimo de comicidade ao ritmo já tão estagnado do filme. Entendo que essa seja a proposta de Jim Jarmusch, mas a mim não agrada. 
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Apenas dois aspectos de Down by Law me agradaram: a imagem e a trilha sonora. O preto e branco é novamente explorado com muita expressividade por Jim Jarmusch, e as músicas, a cargo de Tom Waits, são realmente boas. De resto, me pareceu um filme tedioso, um exercício de estilo que esqueceu boa parte do conteúdo. Na trama, dois caras são sacaneados e vão presos, encontrando na cadeia um italiano mala que logo lhes propõe fuga. Até a escapada, porém, somos obrigados a testemunhar a monotonia da convivência deles, em minutos intermináveis. Dá-lhe conversa pra boi dormir.

O estrangeiro, figura já presente em Estranhos no Paraíso, aqui surge para salvar os americanos, tirá-los da pior e oferecer-lhes a possibilidade de uma segunda chance, mesmo que de maneira quase involuntária. Sem Roberto, Jack e Zack provavelmente passariam anos encarcerados, ruminando bobagem e matando o tempo. Decerto daí dê para extrair alguma coisa mais significativa, contudo, a meu ver, é pouco para justificar todas aquelas andanças e o falatório, no mais das vezes vazio. Down by Law um filme difícil de atravessar sem bocejos.


Por Ana Carolina Grether e Marcelo Müller

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