quarta-feira, 16 de julho de 2014

Doses Homeopáticas #23


GREASE: NOS TEMPOS DA BRILHANTINA é um filme bom de ver, não cansa. A história de amor entre Danny e Sandy não tem nada de profundo. Quando muito, dá para tirar dali alguma observação a respeito de como o sexo era encarado entre as décadas de 50 e 60, com o puritanismo tentando segurar a onda dos hormônios, mas nada demais. O que importa é o desenho de personagens e situações, saturado pela encenação propositalmente exagerada que mostra essa geração da brilhantina e das corridas de automóvel, isso em meio a números musicais que figuram entre os mais legais do cinema americano pós-Guerra. Vê-lo em tela grande só confirmou o quão divertido ele é.


MEIA-NOITE EM PARIS fica ainda melhor na revisão. Owen Wilson se apropria dos trejeitos de Woody Allen – assim como outros fizeram - para construir seu personagem fascinado pela Paris dos anos 1920. Nas viagens no tempo, vemos figuras como o casal Fitzgerald, Hemingway, os surrealistas (Buñuel, Dali, etc), entre outros. Alguns que viviam naquela que o protagonista considera a época perfeita, por sua vez, preferem a anterior, ou seja, a nostalgia é um círculo vicioso. Segundo o filme, a vida é dura demais para a gente se sentir totalmente confortável no nosso próprio tempo. No mínimo, coerente com a visão romântica/realista/pessimista de Woody Allen, esta que a gente bem conhece não de hoje.


Que filmaço esse JERSEY BOYS: EM BUSCA DA MÚSICA, o antimusical de Clint Eastwood sobre Frank Valli e o The Four Season. Quando a gente pensa que virá uma cinebiografia convencional, com números musicais que só pontuam cronologicamente as fases da banda, Clint nos surpreende ao conduzir tudo pelas vielas mais sombrias, expondo as dificuldades sociais dos personagens, suas conexões escusas com a máfia, entre outros elementos que tornam as coisas mais complexas, enriquecendo, assim, a boa e velha trajetória de ascensão e queda, que surge de maneira não esquemática. E que baita elenco, na sua maioria de atores pouco conhecidos. A semelhança com Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese, é evidente.

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