quinta-feira, 24 de julho de 2014

Doses Homeopáticas #24


CÍRCULO DE FOGO é entretenimento dos bons. Aquela papagaiada da conexão neural é só para inglês ver, um verniz superficial no que realmente importa: o quebra-pau entre os robôs gigantes e os alienígenas que invadem o planeta de vez em quando. Não lembro de ter visto algum filme que conseguisse parecer tão crível nessa escala de destruição, sem para isso apelar a exageros futuristas ou trucagens que escondessem efeitos ruins. Aliás, talvez neste caso a maior contribuição do cineasta de Guillermo Del Toro - longe de ter sua autoria soterrada no grande orçamento - seja mesmo esta: tornar orgânica a inserção dos efeitos no mundo de carne e osso. De resto, é torcer pra vitória dos humanos contra os ETs. Simples assim, mas sem qualquer agressão à nossa inteligência.


Uma das maiores realizações da história, O PODEROSO CHEFÃO engrandece ainda mais se visto no cinema, e não digo isso pela óbvia proporção da tela, mas porque nessa condição tudo fica mais evidente, da genialidade de Coppola aos trabalhos não menos impressionantes de Gordon Willis (o filme nunca havia me parecido tão sombrio como agora) e do elenco, sobretudo de Marlon Brando e Al Pacino. Entre tantos momentos de grandeza, dois, a meu ver, se sobressaem: a morte natural de Don Corleone, ele que sobreviveu a balas e outros contratempos, mas que sucumbiu à inevitável; e a montagem que paraleliza um batizado com o extermínio das lideranças das outras famílias, ou seja, os eventos simultâneos que fazem de Michael o novo Don Corleone. Pena que não vão exibir toda trilogia.



O título nacional A ILHA DE BERGMAN é um tanto enganoso, pois dá a entender que o foco deste documentário é a relação do cineasta sueco com Farö, ilha na qual ele decidiu passar boa parte da vida e que serviu de cenário para alguns de seus trabalhos. O que temos, na verdade, é o retrato de um grande artista em seu isolamento geográfico e sentimental (talvez aí o título faça sentido). Bergman fala muito da infância, da relação com os pais, empaca um pouco quando indagado sobre os múltiplos casamentos e a interação quase inexistente com os filhos, mas não foge de responder qualquer pergunta. Pouco importa que o filme tenha um formato quadrado, pois realmente o que lhe confere validade é a maneira como deixa Bergman retratar a si próprio, contudo sem autocondescendência. É um filme mais voltado ao humano que ao artista, ainda que o primeiro aspecto acabe revelando muito a respeito da construção do segundo.      

Um comentário:

  1. Boa, Celito. Tenho de rever o primeiro "Chefão" e assistir aos outros dois.

    Grande abraço.

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