sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Doses Homeopáticas #54 - Especial Star Wars


Em A AMEAÇA FANTASMA temos uma série de ingredientes que deixam, em princípio, qualquer fã de Star Wars salivando. Primeiro, é o início de tudo. Vemos o jovem Obi-Wan Kenobi, e, principalmente, o pequeno Anakin Skywalker sendo descoberto nos desertos de Tatooine. As maquinações do Lorde Sith também estão ali, bem como seu aprendiz estiloso com um sabre de luz duplo.  Mas por que o filme não funciona? Simples, o fiapo de história é contado sem qualquer senso de emoção. George Lucas mostra toda sua limitação enquanto diretor, desperdiçando cena após cena o potencial dramático. A corrida de pods, que poderia ser o pico de adrenalina do filme, é um vai e vem aborrecido. A única sequência que se salva é a luta dos Jedis com o Sith. Jar Jar Binks foi concebido como alívio cômico, mas consegue no máximo enervar o espectador com sua voz esganiçada e uma patetice que nem engraçada consegue ser. O amontoado de equívocos só não é mais prejudicial porque Lucas trabalha com base numa mitologia mais que estabelecida no imaginário dos cinéfilos, recorrendo a personagens e situações muito melhor explorados em longas anteriores que, cronologicamente, são posteriores a ele. 


As coisas melhoram bastante em O ATAQUE DOS CLONES. Quer dizer, ainda há momentos descartáveis, como Anakin e Amidala rolando pela grama num clima de paixão, mas, em contrapartida, as intrigas políticas ganham corpo, assim como a participação dos Jedis nos rumos que a galáxia irá tomar. O futuro Darth Vader dá seus primeiros passos em direção ao lado negro da força, permitindo-se amar e odiar na mesma medida, exibindo a arrogância do predestinado que já se acha à altura do Mestre Yoda. Falando em Yoda, em meio a uma batalha realmente empolgante, repleta de sabres de luz cortando a ar e os dróides, finalmente o vemos em ação, numa disputa com o Conde Dookan interpretado por Christopher Lee. É um dos pontos altos da nova trilogia. Já a conspiração envolvendo a criação de um exército de clones explica os Stormtroopers que mais adiante servirão lealmente a Vader. Em suma, a despeito de alguns problemas, já não temos mais Jar Jar Binks irritando o público – agora ele está bem mais discreto e contido -, e a política surge com relevância, assim como os dramas que propiciarão os eventos de trágicas proporções que vimos na trilogia clássica.


É em A VINGANÇA DOS SITH que temos um dos episódios mais importantes de toda saga Star Wars: o surgimento de Darth Vader. O que até então parecia apenas uma disputa político-comercial assume definitivamente contornos de golpe de estado. Palpatine, ou melhor, Darth Sidious, atrai o jovem Anakin para o lado negro da força, prometendo a ele poderes de controlar vida e morte. George Lucas concentra na derrocada de Anakin, circundada pelo e estritamente ligada com o extermínio dos Jedis, o núcleo dramático do filme. A ação é bem filmada, não há muitos momentos de respiro, o que denota um mundo convulsionado pela iminente erupção de um poder grande demais para ser controlado. Lucas trabalha o paralelo em duas instâncias capitais. Enquanto Anakin e Kenobi duelam em meio ao fogo do planeta inóspito, Palpatine e Yoda travam uma batalha de mestres. Mais tarde, enquanto Amidala dá a luz aos gêmeos Luke e Lea Skywalker, seu marido "morre" para dar lugar a um dos vilões mais icônicos do cinema. Da nova trilogia, este é o filme mais maduro, talvez por ser também o mais trágico e representativo dentro do universo criado por Lucas nos hoje já longínquos anos 1970.

Um comentário:

  1. Eu gosto bastante do Ataque dos Clones, a única parte ruim é realmente Anakin e Amidala rolando na relva.
    O pior da Ameaça Fantasma é que a trama do filme é sobre uma disputa comercial caríssima e ainda fez o favor de reduzir a Força a uma infecção (por favor esses midclorians).

    ResponderExcluir