segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Jovem Rainha Victoria

Houve um entrave preocupante àqueles que estiveram envolvidos com a monarquia britânica no início do século XIX, e ele dá título ao filme que recorta um período da vida da moça que ficou conhecida como A Jovem Rainha Victoria. Próxima daquela que é considerada a maioridade em nosso país, Victoria estava prestes a tomar o trono da Inglaterra, mas não com a benção daqueles que a cercavam. Enquanto muitos insistiam para que ela cedesse ao governo da Inglaterra em favor de algum regente, ela persistiu e, contra todos, aguardou o título e a posição que lhe era de direito – independente de sua idade ou inexperiência.

Assim se inicia o drama histórico A Jovem Rainha Victoria, filme co-produzido entre os Estados Unidos e o Reino Unido que remonta os primeiros anos da era vitoriana – esta que viria a definir um longo período britânico reconhecido pela prosperidade e crescimento de sua população, assim como de grande valor para a ascensão das artes. Curiosamente, o filme é lançado no Brasil dois dias antes do aniversário de 173 anos da cerimônia que coroou a Rainha Victoria e fez com que a supracitada era tivesse início.

Talvez pecando pelo excesso de narrações, principalmente quando estas são feitas através da leitura de cartas, o filme enfatiza as relações de Victoria a partir do momento que soube de seu futuro posto na monarquia britânica. Sua história é rapidamente apresentada e então a produção desenvolve de forma bastante romanceada o envolvimento de Victoria com o príncipe Albert e com lorde Melbourne, que passam a servir a nova rainha como conselheiros e a serem os principais candidatos a esposo da mesma.

Fica evidente que certas liberdades são tomadas no filme e que o mesmo passa a ganhar um tom desnecessariamente melodramático, porém a intenção de se utilizar o romance para conduzir a narrativa fica explícita desde o início da projeção – o que torna tais liberdades compreensíveis. Embora o foco central do filme esteja no relacionamento amoroso de Victória, o roteiro de Julian Fellowes, de Assassinato em Gosford Park, ainda dá espaço para uma satisfatória apresentação do período histórico na Inglaterra e das condições políticas e sociais na época em que tal rainha assumiu o trono britânico.

A Jovem Rainha Victoria acumula vários outros acertos, começando pela direção competente de Jean-Marc Vallée, que havia apresentado sua capacidade no canadense C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor. Vallée possui uma direção ágil e mostra versatilidade num gênero reconhecido pela monotonia, empregando ritmo em sequências que, em tantos outros filmes, servem meramente como espaços de transição – como na preparação do castelo para um grande jantar. Sua condução é nitidamente beneficiada pela grande equipe que o cerca, que apresenta belos exemplos de direção de fotografia e arte, sem esquecer do incrível figurino.

Ainda sobre o figurino, o trabalho de pesquisa histórica de Sandy Powell, que foi merecidamente laureada (mais uma vez) com o Oscar e com o prêmio de seu sindicato, salta aos olhos pela fidedignidade com as imagens que se encontra da jovem monarca e de seus contemporâneos na aristocracia inglesa. Se Emily Blunt, mesmo ótima no papel, não se pareça fisicamente com a robusta rainha, os figurinos de Powell se encarregam da tarefa de torná-la mais próxima à imagem da mesma.

Também no elenco, composto por várias e significantes presenças, destacam-se Miranda Richardson, como a mãe manipulada e manipuladora, Jim Broadbent, como o excêntrico tio de Victoria, e Mark Strong, que, mesmo coadjuvando, toma para si a maioria das cenas em que figura. No entanto, Rupert Friend e Paul Bettany, que são as presenças masculinas principais, apenas preenchem o elenco de faces conhecidas, mantendo desempenhos pouco notáveis.

Por fim, A Jovem Rainha Victoria é um filme que merece ser visto e que facilmente agrada. Com uma trama interessante que serve bem o gênero do drama de época, funciona por apresentar no contexto histórico uma história de amor atemporal, além de possuir passagens memoráveis - adjetivo que cabe ainda e principalmente à sua irretocável produção artística.

3 comentários:

  1. Oi Kon,

    Ótima sua análise. Por mais que não tenha visto o filme, sinto em suas palavras a segurança de quem captou o espírito da obra, mesmo que esta captura, como toda análise, seja de cunho subjetivo. Tenho bastante curiosidade pelo filme e até por gostar bastante dos filmes de época (bem feitos), seguramente conferirei logo este "A Jovem Rainha Vitória".

    abraços

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  2. Eu pegaria seu último parágrafo para definir o que eu senti ao assistir "Rainha Vitória"! De fato é um filme que agrada com facilidade e vou além , pode atingir com tranquilidade todos os gostos.
    Eu desconhecia quase todos esses detalhes e informações que você citou. Interessante!
    Eu acho "C.R.A.Z.Y" sensacional, amo de paixão esse filme. E a comparação foi inevitável. Me agrada mais este 2o,mas por uma questão de estilo tão somente.
    Achei a Emily B. fraca...aliás nao sou nem um pouco fã dela. Já a Mianda Richardson como vc falou está excelente, pra mim se destaca.

    Carol

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  3. Kon!!
    O trailer me animou para ver o filme, pena que esse é no estilo "resumo da trama". Fazer o quê?

    Abraçossss

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