sábado, 21 de maio de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo e o filme-game


Confesso que quando vi os primeiros trailers de Scott Pilgrim Contra o Mundo, pensei cá com meus botões: “Sério?”. A trama, grosso modo, envolve um garoto e uma garota que se apaixonam, mas para que ele possa desfrutar deste novo relacionamento terá antes de lutar contra os sete ex-namorados malvados dela. No trailer, as intervenções gráficas me causaram estranhamento, a linguagem que, de cara, remetia a estética dos games, principalmente os da era 8 bits. Nunca fui um fanático por jogos, mas, como quase todo mundo, passei tardes jogando Pac-Man e Super Mario Bros, e mesmo assim não me parecia muito promissora a ideia de juntar cinema com videogame.

Por certo, alguns diretores já tinham estabelecido esta convergência (mas não neste nível), e existem até alguns teóricos de cinema que se debruçam sobre a influência que a narrativa dos games exerce sobre a progressão dramática dos filmes de hoje, principalmente os produzidos visando o público mais jovem. A indústria, tentando aproveitar monetariamente o filão, já fez também adaptações de diversos games para as telas, mas são poucos os que renderam filmes menos que embaraçosos. Scott Pilgrim Contra o Mundo é um caso especial, pois é transposto de uma história em quadrinhos, esta que utiliza da estética peculiar aos gamers para desenrolar sua história de amor adolescente, ou da pós-adolescência.

Só mesmo um diretor talentoso como Edgar Wrigth, que está construindo aos poucos uma sólida carreira no circuito cinematográfico, para fazer com que a miscelânea da HQ tenha se convertido num filme tão empolgante e divertido. Pode parecer estranho no início, mas logo estamos acostumados com pessoas que viram moedas ao morrerem, com onomatopeias que saltam na tela e com personagens cartunescos. Scott Pilgrim Contra o Mundo, provavelmente, é o que de mais orgânico já se fez neste diálogo tão atual (nem sempre sadio) entre as linguagens do cinema e dos videogames.

Ao desenrolar a ciranda de amores embalada pelos jogos que fizeram, fazem, e ainda farão a cabeça da molecada, Edgar Wright mostra que é possível construir um filme para jovens (não só para eles, é bom que se diga), que não os chame constantemente de babacas. Vai ver até por isso o filme não foi lá muito bem de bilheteria. Uma pena. E na cena final, Wright atribui concientemente responsabilidades, dizendo à plateia que só depende dela para que o mesmo tenha uma continuação. A despeito das bilhetrerias ruins, espero sinceramente que Scott tenha conseguido uma vida extra.

2 comentários:

  1. Olá, Celo!
    O estranhamento é quase que inevitável, mas se tem uma atmosfera bem construída, não há razão para ser ruim.

    Abraçosss

    ResponderExcluir
  2. Acredito que deva ser pouco provável, tendo a nossa faixa etária e vivências culturais, ficar indiferente a toda a graça (seja no sentido cômico ou ao que se refere à trama cativante) de Scott Pilgrim. Apoio seus apontamentos sobre a estética dos games e do cinema, cada vez mais a indústria busca uma integração entre o cinema e outros veículos (HQs, jogos, séries...) para alcançar o púlico que lhe parece escapar. Neste sentido, no caso específico de Scott Pilgrim, fizeram o filme perfeito que, ainda assim, não deu o retorno previsto e esperado. E o Edgar Wright é o máximo!

    Abraços, Celo!

    ResponderExcluir