Adaptado do musical homônimo, Jesus Cristo Superstar provavelmente é
uma das mais polêmicas transposições da paixão de Cristo para o cinema. Perto
dele, o filme de Mel Gibson, por exemplo, é apenas uma vulgaridade que aposta
na violência gráfica, só para o colocarmos em paralelo com uma das mais
recentes versões desta milenar história. Homem ou Deus? Quem foi Jesus Cristo? Simplesmente
um profeta que gozava de grande empatia, ou o próprio enviado dos céus para
purificar nossos pecados com seu sangue? Dogmas religiosos e crenças à parte,
não há como negar a força de Jesus como personagem, muito menos a dramaticidade
da história que ele protagonizou. Versões que mexam, nem que seja um milímetro,
no descrito pelas escrituras sagradas, ou que tomem certas liberdades,
inevitavelmente gerarão polêmica.
Estas liberdades, a música, o
bailado e a atmosfera meio hippie, são elementos que se deflagram rápido, e
apresentam aqui o substrato da construção cinematográfica. Mas, o que mais me
agrada em Jesus Cristo Superstar
é a constituição das figuras, a humanização dos personagens que ficaram para a
história, goste-se ou não, como testemunhas de algo longe do homem, pertencente
à esfera do divino. Jesus aparece claudicante, desorientado ante os conselhos
que recebe das pessoas, em contraposição à missão recebida por Deus. Judas, a bem da verdade, o protagonista da
trama nesta variante, é apresentado como homem que entrou para os anais,
maculado por um pecado que foi obrigado a cometer, com as mãos manchadas pelo
crime de Deus: o sacrifício de seu filho pelo bem da salvação humana.
Jesus Cristo Superstar é sim controverso, não se propõe ao revisionismo
histórico, ou mesmo a apresentar fatos novos acerca desta que é uma das mais
conhecidas e difundidas histórias da humanidade. O filme de Norman Jewison suscitou
polêmicas, principalmente pela roupagem diferente e disposição em narrar
através do rock progressivo e da dança típica dos palcos da Broadway. Afora os
méritos da montagem como encenação, e eventuais controvérsias que esta versão moderna da vida de Cristo traz consigo, Jesus
Cristo Superstar é exitoso justamente por trazer os medos, as angústias e
hesitações destes personagens reconhecidos através dos séculos, mais para o
plano terreno.
Publicado originalmente no Papo de Cinema
Olá, Celo!
ResponderExcluirNovas roupagens de qualidade significativa são sempre difíceis de surgirem, ainda mais quando tocam em dogmas religiosos.
Mais um à minha infinita lista.
Abraçossssss
Celo!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelo ingresso no Papo de Cinema. Sucesso lá e aqui, garoto!
Sobre Jesus Cristo Superstar, devo me dar este presente assim que possível.
Grande abraço!