quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Rohmer e suas noites de lua


Já falei anteriormente sobre “descobrir novos diretores”, e este é um tema recorrente para mim, pois, de uma forma ou outra, dada a diversidade e abrangência do cinema, estou sempre "achando" novas maneiras de cinema, por meio da visão de cineastas dos quais nada tinha visto. Eric Rohmer foi por mim descoberto esta semana, ironicamente na mesma em que ele morreu. Não, não fui correndo à locadora como uma 'carpideira' em busca de identificação com o recém falecido, já tinha pegado Noites de Lua Cheia a semana passada, por insistência do meu irmão Rafa que, faça-se justiça, sempre nutriu curiosidade pelo cinema de Rohmer, pelo naturalismo com que se adjetivavam os filmes dele nas diversas matérias, seja sobre o próprio, ou mesmo em algum compêndio sobre os precursores da nouvelle vague, a nova onda que varreu o cinema francês de todo artificialismo, que trouxe ao cinema, com força, a tese do "cinema de autor".

Com a morte de um cânone como Rohmer, sempre fica a sensação de que não somente seus familiares perderem um ente querido, mas nós, cinéfilos em busca da iluminação pelo cinema, perdemos um foco, um farol. Senti a morte de Rohmer mesmo antes de ter visto qualquer um de seus filmes. Senti mais ainda após ver Noites de Lua Cheia. A maneira com a qual o diretor, que cumpriu quase nove décadas conosco, narra a história de Louise, mulher que vive uma crise em seu relacionamento, quisá em busca de liberdade, de afirmação como indivíduo, é minimalista, sem exibicionismos ou mesmo egos insuflados na tela. Rohmer filma como registro, não como personagem. Sua câmera é discreta, seu cinema galgado na palavra, em diálogos inteligentes e planos igualmente longos, passa longe das pirotecnias de outros diretores, passa longe de querer encher a tela de informação ou criar uma narrativa de subtextos que se intercalam descabidamente em importância com o texto do primeiro plano. Em suma, é um cinema de extremo equilíbrio, de serenidade e sobriedade. Pena que descobri Rohmer depois que ele se foi. Sorte que ainda tenho muitos filmes dele para ver.

3 comentários:

  1. Olá pessoal do The tramps! Tudo bem? Adorei o blog de vocês!

    Sou colaborador do site cinedica.com.br e gostaríamos de comentar que no dia 17 de janeiro, as 22 horas, iremos agitar um bate papo em nosso site em função da cerimônia do globo de ouro e gostaríamos muito de contar com a presença de vocês e de seus usuários.
    Nosso site é feito por amantes e para amantes da sétima arte. Somos contra a pirataria e amamos falar sobre cinema.
    Dia 17 é um dia especial pois a cerimônia será mostrada ao vivo via canal TNT e não existe um lugar onde quem curte essa premiação possa debater via mensagens, os acontecimentos, ao vivo, que se seguem.
    Gostaríamos de saber se você pode nos ajudar com a divulgação desta nossa iniciativa.
    Nós rodamos a internet para encontrar sites interessantes e que fazem parte de nossa filosofia.
    Você pode conhecer um pouco desta idéia pelo link: http://www.cinedica.com.br/filmes/cinefest.php
    Desde já agradecemos e aguardamos uma resposta.

    Atenciosamente, equipe CineDica.

    rp@cinedica.com.br
    raphaelcamacho@gmail.com

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  2. Olá, Celo!
    Eric Rohmer não me decepcionou. A primeira imersão em seu cinema logo nos afirma a habilidade com que lidava com as várias facetas da produção a fim de promover um equilibrio e naturalidades incríveis.
    Agora, o que nos resta, é partir em missão à filmografia do francês.

    Abraçosss

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  3. Está na minha lista de prioridades, sem dúvida. Perdemos o Rohmer, mas felizmente ele fez seu nome através de obras aparentemente nada descartáveis que manterão o cineasta vivo por muito tempo.

    Abraços!

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