sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

127 Horas em 90 minutos

Olá, caro amigo-leitor!

O competente e talentoso diretor Danny Boyle, de Quem quer ser um milionário? e Trainspotting, exibe seu profundo conhecimento cinematográfico ao realizar 127 Horas, obra que relata os momentos de angústia vividos por seu protagonista, o engenheiro-aventureiro Aron Ralston, quando este tem o braço direito preso entre as rochas de um canyon, longe de qualquer contato humano. O filme possui uma tênue história, arquitetada sob o eixo das sensações que o personagem, quase único, experimenta ao longo de mais de 1 hora estagnado no plano físico. Sua mente alça voos como um corvo solitário, planando sobre passadas ações e reações, pinceladas de um convívio social de pouco agrado, e destino. O destino recorrente na filmografia recente de Boyle, como bem salientado pelo Marcelo Müller, irmão e companheiro de jornada, após a aparição dos créditos finais.

Há tempo para questionamentos. O ser humano é um animal necessariamente social, contudo existem os que negam esta faceta de sua natureza, preferindo o retiro. A possibilidade de viver assim, alheio aos laços que nos acorrentam à sociedade, bem como às suas convenções, é real. E a realidade moldada a partir de preceitos concebidos fora de um grupo ou que o renegam, se mostra mais dolorosa, mais difícil. As relações entre as pessoas, por mais conturbadas que possam se descortinar, aliviam a dor de viver.

Os homens são frágeis, no tocante ao psicológico e carnal. A carne somente sobrevive se nutrida, limpa e zelada. Caso nos privem do básico, que é bastante, logo adoecemos. Em poucos dias, famintos nos tornamos puro instinto e o instinto nos guia à sobrevivência, sem medir moral. Despimo-nos de qualquer valor ou preconceito. Somos, no cerne, carne e osso vagando, quando nutridos, por dignidade.

2 comentários:

  1. Olá Rafa,

    Sem dúvida, foi um prazer compartilhar contigo da sessão, e agradeço de antemão a citação no texto.

    "127 Horas" me pareceu uma missão das mais difíceis que o Danny Boyle assumiu, e a honrou com louvores. Este não é seu melhor filme, mas certamente é um digno representante de sua filmografia, marcada por histórias íntimas, registradas com o caótico fluxo do homem contemporâneo. Tivemos uma boa conversa após a sessão, e muitas das coisas que debatemos acerca do filme ainda reverberam: sinal de que "127 Horas" não apenas passou, mas ficou.

    Abraços e parabéns pelo ótimo texto.

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  2. "127 Horas" me impressionou tanto enquanto obra fílmica de grande qualidade quanto ao que diz respeito ao seu claustrofóbico tema. Danny Boyle, aqui auxiliado por grandes profissionais (da fotografia à trilha, passando pela excelente edição e atuação de James Franco), entrega um filme completo, bem estruturado e resolvido.

    Obrigado pelo texto, Rafa!
    Abraços.

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