quarta-feira, 15 de setembro de 2010

12º Caxias em Cena: 'CANCIONERO ROJO'

Existe realmente algum preconceito ou rivalidade do povo brasileiro para com os argentinos? Se tal afirmação não for apenas mito, ou uma brincadeira futebolística que se tornou menos engraçada com o passar do tempo, ela não se mostrou presente na data de ontem, no Teatro Pedro Parenti da Casa da Cultura. A comédia clown "Cancionero Rojo", inteiramente produzida pelos nossos hermanos, é teatro cômico de primeira - e tão arrebatador que já deixa saudades por sua rápida passagem pela cidade.

No palco temos dois personagens: Neto e Una. Juntos, viajam trajando simpáticos roupões e portando uma mala cada, mas não são os lugares que os interessam, já que o que move essa aventura hilária são os importantes momentos históricos visitados pela dupla. Várias passagens dramáticas da história mundial são remontadas com muita graça pelos atores, que não demonstram nenhum constrangimento ou culpa por fazer piada com o nazismo, comunismo, religião e que, como todos no mundo, buscam saber qual é o sentido da vida. Nas palavras dos próprios clowns: ¿pór qué?

"Cancionero Rojo" é uma ótima e inusitada aula de filosofia, sociologia e história - ainda que, por ser tão divertida, tais conteúdos passem de forma despercebida. Dario Levin e Lila Monti (Neto e Una, respectivamente) são cativantes e muito carismáticos - além de serem humoristas de primeira. Mesmo com uma platéia menos expressiva que de "Hamelin", tenho certeza que o público de "Cancionero Rojo" foi muito mais feliz que o do drama policial, fato expressado nas palmas ininterruptas recebidas pelos argentinos. Voltem sempre, hermanos!
Não perca hoje as peças Gaiola de Moscas, do Recife, às 20h no Teatro Pedro Parenti, e A Mulher Sem Pecado, de Caxias do Sul, às 21h15min no Teatro do SESC.

3 comentários:

  1. belo texto. tive o prazer de assistir e confesso que saí da casa da cultura emocionada, com lágrima nos olhos.

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  2. Kon,

    Tua cobertura está cada vez melhor e não falo isto por protecionismo ou amizade, é minha opinião sincera. A cada novo texto fico mais mortificado por não ver algumas destas peças, mas o tempo, este senhor implacável e, por vezes, inflexível, me oprime.

    Deve ter sido mesmo bonito ver os clows hermanos nesta jornada. Uma pena que o público míngua conforme os nomes fogem das revistas de fofoca. Sorte de quem prefere o crescimento à involução, ou mesmo mero entretenimento.

    Abraços

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  3. Olá, Kon!
    Sinto que marquei passo ao não me programar de forma a assistir a alguns espetáculos do Caxias em Cena, que sempre traz interessantes exemplares de teatro à cidade.

    Abraçosss

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