sábado, 25 de setembro de 2010

Festival do Rio 2010: Além da Estrada


Aqueles que são tidos como filmes de estrada (ou road movies, como batizado originalmente), caracterizam-se basicamente por poucos signos que os inserem no subgênero referido, narrando histórias que possuem um núcleo móvel. Além da Estrada, como o próprio título denuncia, pretende ser um roadie latino-americano, mas se perde em sua pretensão e em convenções deste e de uma série de outros gêneros, se agarrando em uma estética visual que se pronuncia independente, mas que não consegue disfarçar seus excessos.

Dirigido por Charly Braun, Além da Estrada se divide em uma aventura romântica que abraça o tom documental explicitamente – o que garante alguns bons momentos para o filme. Santiago, protagonista que guia o filme através de incríveis locações nos arredores do Uruguai, divide suas experiências com Juliette, a quem deu carona. Ambos vagam sem pressa ou compromisso com algo, e suas expectativas semelhantes para com a vida os aproximam.

Braun, que esteve na sessão de gala do filme no Cine Odeon, defendeu a utilização de atores desconhecidos capazes de interpretarem pessoas reais, tridimensionais. Não é o que seu filme apresenta, provavelmente pelo amadorismo de sua dupla de protagonistas – Esteban Feune de Colombi e Jill Mulleady. A participação de sua irmã no filme, a atriz (aqui também produtora) Guilhermina Guinle, não faz muito para contribuir com essa imagem indie que o diretor tenta passar.

Mesmo com o belo trabalho de fotografia, Além da Estrada deixa a sensação de um filme vazio, dos que podem ser facilmente esquecidos após sua exibição. Não acrescenta muito ao gênero ou à própria cinematografia do Uruguai ou Brasil. Possui alguns momentos quase constrangedores, como uma participação da top Naomi Campbell, e deixa uma indagação sem resposta: como pode um filme falado inteiramente em inglês e espanhol abrir a Première Brasil do Festival do Rio 2010?

3 comentários:

  1. Opa Kon,

    Belo texto cara.
    Sem dúvida nosso cinema vive um momento complicado. A recente leva não é muito animadora quando pensamos em uma "cinematografia brasileira", que como unidade anda meio esfacelada. O tatear parece o verbo dominante. Sobrevivemos de exceções, nós os que gostamos do produto interno,infelizmente. Esperemos que as experiências de hoje, se configurem em filmes mais consistentes amanhã.

    Abraços

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  2. Bom saber, sinceramente não sinto a menor motivação para arriscar um ingresso para ver "Além da estrada".
    Mas o que mais desanima e denuncia o absurdo é a pergunta do Conrado que pelo visto muita gente deve ter feito. Como pode um filme falado em outros idiomas abrir a Première Brasil?
    Você tem toda razão!

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  3. Olá, Kon!
    Ou seja, traduzindo: quando tiver a oportunidade de assistir a este filme, a perca.

    Abraçosss

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