sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Blu-Ray e a suposta decadência do DVD


Corram, troquem todas suas coleções de filmes, pois uma nova tecnologia vem por aí e quem não aderir será a mulher do padre. Lá em idos tempos, quando o VHS já dava sinais de cansaço, surgiu o DVD e lembro até hoje daquelas propagandas que antecediam alguns filmes em VHS e que diziam que o DVD era incrível, que com ele podia se ouvir tudo, até mesmo um alfinete caindo no chão. Era o velho VHS ajudando em sua própria aniquilação ao propagar a ideia revolucionária do filme que cabia num disco, com qualidade melhor de som, de imagem, de tudo. Aquilo sim foi revolução pois, afinal de contas, o surgimento dos DVD’s propiciou muitas coisas, desde a possibilidade de se criar uma coleção sem gastar mais de cem reais por exemplar, até a cultura dos extras, que hoje parece indispensável para um bom lançamento. E depois, era uma troca física significativa: de uma fita magnética quadrada, pesada, que ocupava um espaço danado nas prateleiras, para um disco fininho, de embalagem mais atrativa e de mais fácil armazenamento (sem falar, é claro, na durabilidade do produto).

Mas o show tem que continuar, e o mercado não pode parar de evoluir e faturar. A vendagem e a locação de DVD’s começou a cair, e eis que dos laboratórios tecnológicos da indústria surge o formato que se apresenta como o substituto do DVD: o Blu-Ray. Alta definição, imagem muito mais límpida, possibilidades mil de melhorar a qualidade de som, e pronto, o DVD ficou obsoleto. Quer dizer, será? Vou dizer porque acho que o Blu-Ray não vai suplantar o DVD como este fez alguns anos atrás com o VHS. 

  • Mídia: Para que um formato seja popular ele, obviamente, precisa cair nas graças do povo e não me parece que para a maioria das pessoas, que pouco liga para qualidade extrema de imagem e som, fazer o investimento na troca de aparelho seja algo que se cogite, pois simplesmente para ela não há diferença física entre um DVD e um Blu-Ray, os dois são discos semelhantes.
  • Investimento: Para que haja efetivo aproveitamento da qualidade HD dos Blu-Ray, é necessária toda uma aparelhagem que dê subsídios a estes elementos de definição superior. Televisão Full HD e Home Theater são indispensáveis para a fruição completa do formato e não é todo mundo que pode investir, de cara, três ou quatro mil reais, o que acaba inviabilizando a popularização necessária para que o formato se imponha sobre o dominante vigente, no caso o DVD.
  • Lançamentos: É óbvio, que partir do momento que a indústria viu no Blu-Ray uma tábua de salvação contra a pirataria, além de uma inovação tecnológica, a máquina que move os negócios nesta área se articulou para abastecer o mercado ávido pelos discos em alta definição. O problema é que os lançamentos têm sido feitos com rapidez, é certo, mas não raro se ouvem reclamações de discos “pelados”, sem extras, ou com os mesmos, só que sem legenda, o que acaba afastando aquele consumidor que quer mais do que o filme. Também se ouvem relatos que filmes clássicos, ou seja, que não foram concebidos dentro dos parâmetros da nova tecnologia, e que passam então por uma conversão para a mais alta definição, não ficam bem dentro do novo formato.
  • Apelo: Parece-me que o Blu-Ray tem mais apelo junto aos fãs de tecnologia e não diretamente aos cinéfilos. Ok, eu sei, já que estamos falando numa “popularização”, os cinéfilos não representam um grande número, mas os fãs inveterados e endinheirados da tecnologia também não, pelo menos não quando os colocamos em perspectiva com a massa. Ver uma imagem hiper definida, um som retumbante, não figura nos objetivos na maioria das pessoas, que se contenta e muito com um “filminho” em DVD, não tendo assim grandes ambições estéticas quanto a audiência de um filme.

Enfim, o Blu-ray está aí, para quem quiser, e é uma realidade. Porém, não creio que ele decretará a morte do DVD. São formatos que co-existirão por um longo tempo, atendendo a distintas fatias de público. Não vi nenhum filme em Blu-Ray (o máximo da minha experiência foi com aquelas demonstrações em lojas de eletrônicos), mas sabem, estou bem contente com meu DVD e, principalmente, com minha coleção particular de filmes, que não anseia por um upgrade e sim por mais e mais títulos de boa qualidade, independente da mídia, que afinal é só um meio e não o fim.

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