Enquanto a turma veterana do cinema nacional, em sua grande maioria, entrega mais do mesmo cinema – sejam produtos comerciais ou pretensas obras de arte -, deve-se ficar de olho naqueles que começam agora no ofício. Do que foi apresentado até o momento na Première Brasil no Festival do Rio, é justamente um jovem diretor que entregou o melhor filme: uma pérola chamada Riscado.
Em Riscado conhecemos Bianca, jovem atriz que faz o que pode para sobreviver no ramo: seja como panfletista ou participando de vexaminosos (não para ela) telegramas animados. Ela segue a vida da melhor maneira que pode, conseguindo tempo ainda para participar de um grupo de teatro. Quando uma oportunidade melhor aparece, para protagonizar um filme coproduzido entre o Brasil e a França, Bianca sabe deixa tudo em segundo plano para seguir seu sonho e aceita a proposta sem pensar duas vezes.
Riscado não pertence a nenhuma classe muito difundida de cinema. Tem uma estrutura simples mas é inventivo em sua grande maioria, entregando soluções visuais para evitar óbvios e massantes diálogos. Dentre eles, uma série de recursos bonitos, que enriquecem o filme, são inseridos pontualmente na forma de pequenos vídeos gravados com uma câmera digital comum – como se tivessem sido feitos por Bianca.
A competência de Pizzi como diretor fica evidente através de seu controle de câmera, assim como pela ótima escolha de uma estética crua e realista, sendo que seus planos não estão ali para sobreporem à narrativa do filme - o que mostra maturidade para um diretor estreante. Em Riscado, Pizzi busca alterar signos de um cinema que já é comum hoje, mas sem se tornar excessivo, sendo isso uma escolha que obviamente contribui com seu belo trabalho.
Karina Telles, esposa do diretor, encorpora Bianca com maturidade e profundidade incríveis. Telles tem uma beleza particular, não óbvia, e dá à personagem uma gama enorme de sentimentos que ficam muitas vezes explícitos apenas pelo seu olhar – que, sem exageros, me fez pensar em Liv Ullmann por mais de uma vez. Riscado não seria nada sem sua interpretação, talvez apenas um filme esteticamente bonito e de roteiro interessante, mas a forma motriz do filme está toda na atriz. Não seria surpresa nenhuma (mas sim uma grande satisfação) que a mesma vença o Festival na categoria de Melhor Atriz.
Em suma, Riscado é um trabalho melancólico e duro, repleto de questões pontuais que são levantadas com muito tato e sutileza. Através de Bianca, Pizzi fala sobre o pouco valorizado trabalho do ator, visto por muitos como vaidade ou hobby, e indiretamente ataca os meios de produção do cinema nacional. Cinema este que felizmente, ainda que vez ou outra, nos agracia com ótimas produções como este Riscado.
Opa Kon,
ResponderExcluirQue bom que parece que temos uma boa leva de cineastas estreantes com vigor para tentar alavancar o nosso tão esfarrapado cinema.
Juntando o comentário anterior da Carol com o teu e mais minha curiosidade natural pelo cinema nacional, devo dizer que "Riscado" já figura na minha lista de "tenho de ver logo". Acabei de assistir o trailer, que me instigou muito também. É, agora estou mesmo nos cascos para ver "Riscado".
abraços
Oi galera! não sou do Rio, e to invejando vcs no úrtimo, mas a Carol, grande amiga e agora crítica de cinema ! Tão mandando muito bem, pois a Mostra de SP vem em seguida
ResponderExcluirMinha única sugestão é que vcs postem a ficha técnica do filme, facilita horrores!
Grande abraço a vcs!
Doug amore!!
ResponderExcluirMuito bom vc por aqui querido :)
Obrigada pelo "crítica de cinema" haha. Mas aqui apenas comento informalmente os filmes que consigo ver no Festival e olhe lá!!
Você tem que vir pra cá nessa época pra gente pegar uma leva boa de filmes e saír vendo!!!
beijos
Carol
Olá, Kon!
ResponderExcluirDevido às oponiões de nossos correspondentes, o que me resta é anotar este filme, ao menos mentalmente.
Abraçosss